Abraão e Sara
A expressão hebraica para "idade muito avançada" ou "entrado em dias" é "baeim bayamim".
Uma tradução literal seria "Eles entraram em dias".
Talvês, então, devamos interpretar estas palavras tão simplesmente quanto possível: que Abraão e Sara entraram em seus dias, permitindo que os dias e suas experiências os envolvessem completamente e tocassem a textura de seu próprio ser. Muitos de nós estão assustados demais para entrar na próprio vida e vivê-la plenamente, com total presença de espírito, coração e corpo, com paixão e entusiasmo totais. Não confiamos na vida o suficiente para deixar que ela nos possua. A vida encerra sofrimento demais, muitos desapontamentos, tanta vergonha, raiva e culpa; em vez disso preferimos deixar que nossos dias passem enquanto "marcamos o tempo" e mantemos uma certa distância, a fim de permanecermos seguros. Observamos nossos dias se movendo, mas somos tímidos demais para nos tornar um só com eles, para sermos plenamente envolvidos por eles. Porém Abraão e Sara, diz a Torá, personificaram um modelo diferente: "Eles entraram dentro dos dia"; eles entraram totalmente em seus dias. Eles permitiram ser envolvidos pela vida. Todos os seus dias foram explorados, utilizando e vividos ao máximo.
Abraão e Sara tinham passado juntos pela vida inteira! Eles desfrutaram imensas bênçãos e vitórias, bem como profundo sofrimento e desapontamentos, incluindo o fato de que Sara era (na época) estéril. Porém no decorrer de tudo - o positivo bem como o desafiante, o alegre e o doloroso - eles se permitiram vivenciar o pulso da vida em sua totalidade. Estavam presentes o tempo todo, e não se esconderam no casulo do afastamento seguro. Eles completaram cada dia de sua existência com um olhar firme. Sim, é mais seguro entrar na sua vida pela metade, criar uma fronteira entre você mesmo e suas experiências. Sem arrependimento, sem sofrimento, sem paixão e integridade. Abraão e Sara, num certo sentido, continuaram crianças. Você já observou as crianças? Elas não gostam de fragmentação. Entram em alguma coisa por completo - com todo o seu senso de curiosidade, confiança, presença de espírito e vulnerabilidade emocional.
Já foi dito que há três tipos de pessoas: aquelas que fazem as coisas acontecer; aquelas que observam as coisas acontecer, e aquelas para quem você tem de contar que algo aconteceu.
Em qual destas pessoas você se encaixaria?
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