sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

MOISÉS DE UMA FORMA QUE VOCÊ NUNCA VIU

MOISÉS
A palavra em português Moisés é transliteração da forma grega (Mouses), que, por sua vez, é transliteração do hebraico, Mosheh. A derivação e o significado desse nome não são conhecidos com certeza, embora várias conjecturas possíveis tenham sido apresentadas. Talvez sua raiz seja a palavra hebraica mashah (II Sam 22.17), que indica a idéia de “extração de água”. 

A palavra em português Moisés é transliteração da forma grega (Mouses), que, por sua vez, é transliteração do hebraico, Mosheh. A derivação e o significado desse nome não são conhecidos com certeza, embora várias conjecturas possíveis tenham sido apresentadas. Talvez sua raiz seja a palavra hebraica mashah (II Sam 22.17), que indica a idéia de “extração de água”. Naturalmente, isso referir-se-ia  ao fato de que, quando criança, Moisés foi salvo de morrer afogado no rio Nilo, pela mulher egípcia que o recolheu dali.Talvez também esteja em foco a combinação dos termos egípcios ms, “criança” e mw-s, “filho da água”, - evidentemente, um antigo jogo de palavras que não é inteiramente claro para nós. O nome ocorre por cerca de setecentas e cinquenta vezes na Tanach (Antigo Testamento), embora nenhuma outra explicação nos seja dada.

Segundo Flávio Josefo na História dos Hebreus diz que a princesa ordenou que criassem o menino com todo cuidado e chamou-o de Moisés, isto é, “salvo das águas”, como sinal de um estranho acontecimento, pois m, em língua egípcia, significa “água”, e isés”, “preservado”. À medida que crescia, demonstrava muito mais espírito e inteligência que o permitido pela sua idade. Mesmo brincando, dava sinais de que um dia seria alguém extraordinário. Quando completou três anos, Deus fez brilhar em seu rosto uma tão grande beleza que as pessoas, mesmo as mais austeras, ficavam arrebatadas. Ele atraía sobre si os olhares de todos os que o encontravam e, por mais pressa que tivessem, eram obrigados a parar para contemplá-lo.

Termutis, vendo-o cheio de tanta graça e não tendo filhos, resolveu adotá-lo. Levou-o ao rei, seu pai, e, depois de falar-lhe da beleza do menino e da inteligên­cia que já se manifestava nele, disse: "Foi um presente que o Nilo me fez, de maneira admirável. Recebi-o em meus braços, resolvi adotá-lo e vo-lo ofereço como sucessor, pois não tendes filhos". Com essas palavras, ela o colocou entre os braços do rei, que o recebeu com prazer e, para obsequiar a filha, estreitou-o nos braços, colocando-lhe o diadema sobre a cabeça. Moisés, como uma crian­ça, que se diverte, tirou-o e o jogou ao chão, pisando-lhe em cima.

Há um Midrash sobre Moisés por motivo deste fato.

Moisés, segundo a Torá, tinha um problema de fala e o Midrash explica o porquê. Faraó teria ficado indignado com a atitude de Moisés, então manda chamar seus conselheiros  e pediu-lhes que interpretassem o gesto de Moisés, se seria somente uma brincadeira ou um mal presságio. Estes decidiram testá-lo, colocaram carvão em brasa e ouro diante dele dizendo: “Se o menino deseja o seu reino, vai escolher o ouro e, neste caso merece a morte”. Moisés atraído pelo brilho do ouro, quis estender a mão para pega-lo, mas um anjo o empurrou com força. O menino caiu em cima da brasa, gritando de dor. No pânico do momento, levou à boca a sua mão, onde estava grudado um pedaço de carvão incandescente que lhe queimou a língua. Desde aquele dia, começou a gaguejar, falando com dificuldade.

Essa ação foi considerada de péssimo augúrio, e o doutor da lei que predisse­ra o quanto seria funesto o nascimento daquele menino para o Egito ficou tão nervoso que desejou matá-lo imediatamente. "Eis aí, majestade", disse ele, diri­gindo-se ao rei, "este menino, do qual Deus nos faz saber que a morte deve garantir a vossa paz. Vede que o fato confirma a minha predição, pois apenas nasceu e já despreza a vossa grandeza, calcando aos pés a vossa coroa. Matando-o, todavia, fareis perder aos hebreus a esperança que nele depositam e salvareis o vosso povo de um grande temor". Termutis, ouvindo-o falar desse modo, le­vou o menino sem que o rei se opusesse, porque Deus afastava do espírito de Faraó o pensamento de fazê-lo morrer. A princesa fê-lo educar com grande des­velo, e quanto mais os hebreus se alegravam tanto mais os egípcios se atemori­zavam. Entretanto, como a ninguém viam que pudesse suceder o rei no trono ou de quem pudessem esperar um governo mais feliz quando Moisés não existisse mais, abandonaram a idéia; de fazê-lo morrer.

Logo que o menino, criado e educado dessa maneira, chegou à idade de poder dar provas de sua coragem, praticou atos de bravura que não permitiram mais dúvidas quanto à veracidade do que se havia sido predito, isto é, que ele elevaria a glória de sua nação e humilharia os egípcios. Eis o motivo:
A fronteira do Egito foi devastada pelos etíopes, que lhe estão próximos. Os egípcios marcharam com um exército contra eles, mas foram vencidos no combate e retiraram-se com desonra. Os etíopes, orgulhosos de tamanha vi­tória, julgaram que era covardia não aproveitar a boa sorte e começaram a se vangloriar de poderem conquistar todo o Egito. E lá entraram, por diversos lugares. A quantidade de despojos que arrebataram e o fato de não terem encontrado resistência alguma aumentaram-lhes a esperança de conseguir um feliz resultado na empresa. Assim, avançaram até Mênfis, chegando até o mar. Os egípcios, reconhecendo-se muito fracos para resistir a tão grande força, mandaram consultar um oráculo, e, por ordem secreta de Deus, a res­posta que receberam foi que somente um homem havia — um hebreu! — do qual podiam esperar auxílio.

O rei não teve dificuldade em julgar, por essas palavras, que Moisés era o hebreu em questão, ao qual o céu destinava salvar o Egito, e pediu à filha para fazê-lo general de todo o exército. Ela consentiu e disse-lhe que julgava assim prestar ao rei um grande serviço. Contudo obrigou-o ao mesmo tempo a prome­ter, com juramento, que não lhe fariam mal algum. A princesa, não se conten­tando em testemunhar assim a sua extrema afeição por Moisés, não pôde tam­bém deixar de — com azedume — perguntar aos sacerdotes egípcios se eles não se envergonhavam de o haverem tratado como inimigo e de desejarem tirar a vida a um homem a quem eram agora obrigados a pedir auxílio.

Esse excelente general, posto à frente do exército, logo se fez admirar pela sua prudência. Em vez de marchar ao longo do Nilo, atravessou pelo meio das terras, a fim de surpreender os inimigos, que jamais pensariam que ele os fosse alcançar por um caminho tão perigoso, devido à quantidade de serpentes de várias espécies que ali vivem: muitas delas não existem em nenhum outro lugar e não somente são temíveis pelo seu veneno, mas são horríveis de se ver, porque, tendo asas, atacam os homens elevando-se no ar, para se atirar sobre eles. Moisés, para precaver-se contra elas, mandou colocar em gaiolas algumas aves chama­das íbis, que são domesticadas, amigas do homem, e inimigas mortais das ser­pentes, sendo que estas as temem não menos que aos cervos. Nada mais direi sobre essas aves, porque não são desconhecidas aos gregos.

Quando Moisés chegou com o seu exército a essa tão perigosa região, soltou os pássaros e passou assim sem perigo. Então surpreendeu os etíopes, deu-lhes combate e os dispersou, fazendo-os perder a esperança de se tornarem senhores do Egito. Mas tão grande vitória não reteve os seus intentos: entrou no país deles, tomou várias cidades, saqueou-as e fez grande mortandade. Tão gloriosos resultados reanimaram de tal modo a coragem dos egípcios que eles seriam capazes de tudo empreender sob o comando de tão excelente general. Os etíopes, ao contrário, só tinham diante dos olhos a imagem da escravidão e da morte.

O ilustre general impeliu-os até Sabá, capital da Etiópia, que Cambises, rei dos persas, chamou depois de Meroe, nome de sua irmã. Aí Moisés os sitiou, embora a cidade fosse tida como inexpugnável, porque, além de suas grandes fortificações, era rodeada por três rios: o Nilo, o Astape e o Astobora, cujo percurso é muito difícil. Ficava, assim, situada numa ilha e não era menos defendida pela água que a rodeava de todos os lados que pela força de suas muralhas e de suas defesas. Os diques que a preservavam das inundações dos rios serviam ainda de terceira defesa quando os inimigos passassem as outras. Moisés ficou aborrecido ao constatar que tantas difi­culdades juntas tornavam a conquista da cidade quase impossível, e o seu exército começava a enfadar-se, porque os etíopes não se atreviam mais a dar-lhes combate.

Tarlis, filha do rei da Etiópia, tendo-o visto do alto das muralhas praticar, num assalto, atos de valor e de coragem extraordinários, ficou tão cheia de admiração pela sua bravura, a qual reerguera o ânimo dos egípcios e fizera tremer a Etiópia, antes vitoriosa, que sentiu o coração ferido de amor por ele. Com a paixão sem­pre aumentando, mandou oferecer-lhe a mão em casamento. Ele aceitou a hon­ra, com a condição de que ela lhe entregasse a cidade. A promessa foi confirma­da com um juramento e, depois que o tratado foi feito, em boa fé de parte a parte, ele deu graças a Deus por tantos favores e reconduziu os egípcios vitorio­sos de volta à sua pátria.

89. Mas esses ingratos, em vez de manifestar reconhecimento pela salvação e pela honra que deviam a Moisés, aumentaram ainda mais o seu ódio contra ele e procuraram, mais do que nunca, eliminá-lo. Temiam que a glória que conquista­ra o enchesse de tal modo de orgulho que ele pensasse em se tornar senhor de todo o Egito. Aconselharam o rei a mandá-lo matar, o qual deu ouvidos a tais palavras, porque a grande fama de Moisés já lhe causava inveja, e o monarca começava a temer que fosse também sobrepujado por ele. Nisso era ajudado pelos sacerdotes, que, para incitá-lo ainda mais, recordavam o rei continuamen­te do perigo em que se encontrava.

E assim, Faraó consentiu na morte de Moisés, e ela seria inevitável, se este não houvesse descoberto a intenção dos egípcios e se ausentado no momento opor­tuno. Moisés fugiu para o deserto e desse modo salvou-se, porque os inimigos não podiam imaginar que ele tomaria tal caminho. Como nada encontrasse para comer, viu-se atormentado por uma fome extrema, mas a suportou com paciên­cia e, depois de haver andado muito, chegou, pelo meio-dia, próximo da cidade de Midiã — nome que lhe deu um dos filhos de Abraão e Quetura —, à beira do mar Vermelho. Estando muito cansado, sentou-se à beira de um poço, para re­pousar, e esse fato deu-lhe ocasião de mostrar a sua coragem, abrindo o cami­nho para uma sorte melhor. Eis como tudo se passou:

Um sacerdote chamado Reuel, ou Jetro, muito estimado entre os seus, tinha sete filhas, que, segundo o costume das mulheres de Troglodita, cuidavam dos rebanhos do pai. Ora, como a água doce é muito rara naquelas paragens, os pastores e pastoras iam solicitamente buscá-la, para dar de beber aos animais. Assim, as irmãs vieram naquele dia por primeiro ao poço, tiraram água e encheram as suas vasilhas para dar de beber aos carneiros e ovelhas. Mas alguns pastores que ali chegaram maltrataram-nas e tomaram a água que elas tinham tido o trabalho de tirar. Moisés, enraivecido por tal violência, julgou que não devia absolutamente permiti-la. Espancou os insolentes e afugentou-os, auxiliando as moças no que a justiça pedia dele. Elas contaram ao pai o que ele havia feito em favor delas e rogaram-lhe que mostrasse o seu reconhecimento para com o estrangeiro, pelo auxílio que lhes prestara. Reuel louvou a gratidão das filhas e mandou chamar Moisés. E não se contentou em agradecer uma ação tão generosa, mas lhe deu Zípora, uma de suas filhas, em casamento e a superintendência de todos os seus rebanhos, no que consistia, então, a riqueza dessa nação.

Quanto aos mais fatos, o leitor deve ser reportar às Escrituras Sagradas para conhecer todos os outros fatos que nortearam a vida de um homem estimado pelo Todo Poderoso.


Fontes:
A História dos Hebreus – Flávio Josefo
Enciclopédia de Bíblia – Teologia e Filosofia
judaismohumanista.ning.com

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